quinta-feira, março 11

Ainda SOU a mesma...

Ainda gosto de esperar o amanhecer como se houvesse a possibilidade dele falhar.
Ainda sim desenho rostos desconhecidos mais que sempre sonho.
Ainda olho no espelho e vejo os mesmos olhos grandes e submersos, e ele me diz que ainda sou a mesma, vulnerável e flexível...
Ainda quebro copos e pratos como se fosse possível moldá-los novamente.
Ainda choro por algo acontecer e se por simplesmente não acontecer.
Ainda tenho tropeços que fizeram adorar andar de mãos dadas.
Ainda sim testo mentes no meu conceito não pra ser aceito e sim contestados.
Ainda reavalio e renovo minhas opiniões com receio de serem plagiados e mal interpretados.
Ainda ou até então falo como se tivesse vivido tudo, com medo de viver em meio à coisa nenhuma .
Ainda assisto filmes de que já foram assistidos pra que eu possa reparar no fundo musical e nas cortinas.
Ainda escuto musicas reprisadas pra que eu não esqueça do meu próprio passado.
Ainda sim escrevo por onde nem a morte me silencie.
Ainda grito com os olhos como se fosse provável a visualização da intensidade do que esta sendo pensado.
Ainda sim por mais bizarro que seja, uso tranças no cabelo como se fosse um caminho a ser traçado.
Ainda sim conto as pintinhas do corpo, como historinhas ingênuas de nascer mais delas.
Ainda falo com flores e elas me contrapõem com aromas que deixam saudades.
Ainda tomo café pra escrever e jamais adormecer no que me tem na mente a relatar.
Ainda fecho os olhos e respiro ofegando pra que me é concedido um momento de total eficácia.
Ainda sorrio com toda precaução, como uma música em um ponto de ascensão com toda sincronia e harmonia necessária que jamais sai das margens impostas pela alma e as encantações do corpo em anexo e em constantes desavenças a própria sorte.